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Foto do escritorÚrsula Massula

Algumas considerações sobre o conceito de revisão e o papel do revisor

Em uma pesquisa conduzida para a minha especialização, compilei, por meio da análise de artigos científicos, os principais temas abordados pelos pesquisadores relativos à área de tratamento do texto. O que chamamos de tratamento engloba não apenas o processo de revisão, mas também a tradução, a edição, entre outros.


Trarei em uma série de posts algumas observações feitas a partir desse estudo. Neste aqui, falo um pouco sobre o que caracteriza a profissão de revisor de texto. Boa leitura!


O que é revisão de textos?


Revisão de textos é um termo que carrega uma amplitude de significados. Talvez, por isso mesmo, a definição desse termo encontre tantas variações por aí. Podemos considerar a revisão como uma prática bastante abrangente. Sendo assim, não temos como estabelecer um conceito padrão.


O modo como o trabalho com o texto será feito poderá ser bem diferente de acordo com o contexto em que estiver inserido e os objetivos a que se destina. Você trabalhará com qual nível de formalidade? Até que ponto suas intervenções são requeridas e, até mesmo, bem-vindas? Esses são pontos muito importantes de serem analisados para que o trabalho seja bem realizado.


Imagine o seguinte cenário: você se depara com um texto cujo tom é mais conversacional. Inicialmente, o seu ímpeto pode ser o de fazer alterações para adequar o texto à normal culta. E tudo bem ter esse impulso inicial. Muitas vezes, nossas bagagens pessoal e profissional nos levam a isso. No entanto, é fundamental que a gente controle esse ímpeto e que uma análise para além do campo gramatical seja feita antes de qualquer coisa.


Com isso em mente, vamos conceituar revisão de texto, em termos mais gerais, como a leitura atenta de um texto, que trabalha com as escolhas do autor, respaldando essas escolhas ou sugerindo alternativas a elas. Tudo isso é feito com o objetivo de garantir a maior legibilidade e adequação possíveis ao texto. Lembra-se dos pontos que mencionei ali em cima? Então, o que se entende por adequação e legibilidade dependerá deles. Claro, alguns itens podem ser considerados unânimes, mas esse é um assunto para outro post nosso, combinado?


Quando e como fazemos revisão de textos?


Para quem é profissional ou conta com os serviços de um, a nossa tendência pode ser a de pensar a revisão sob uma ótica de mercado. Mas o ofício da revisão de textos toma lugar em diferentes ambientes. Um deles é como trabalho didático, parte do processo da prática de produção de textos por alunos em ambiente escolar. Você já parou para pensar nisso?


Independentemente do contexto em que acontece, todo esse processo é pautado pelas relações com os outros sujeitos presentes na construção textual, por meio do dialogismo inerente a essas relações, ainda que em maior ou menor intensidade. A revisão como prática profissional acaba também por englobar outro aspecto da revisão: a formação de profissionais para exercerem essa atividade. Logo, a revisão de textos é uma atividade de cunhos social, dialógico e colaborativo, incluindo as revisões de caráter estritamente normativo.


Como se pode perceber, mesmo a revisão em diferentes ambientes tem aspectos semelhantes. O foco na melhoria do texto, garantindo sua legibilidade e adequação, é um deles, mas com os sujeitos envolvidos no processo exercendo papéis variados.


Cada vez que nos aprofundamos no conceito de texto e nos elementos envolvidos em sua produção, percebemos o quão rico e complexo esse produto humano é. Percebemos com mais clareza o modo como essa cadeia de produção é formada e como a observação é importante. A nossa visão sobre um texto, seja ele de que gênero for, acaba por se tornar mais aguçada.


Portanto, como revisores, passamos a ter um olhar mais profundo, mais crítico, que vai além do meramente formal. Ao fazermos isso, criamos um elo forte com o texto e uma preocupação com a produção do sentido e a transmissão da mensagem. E essa deve ser a busca constante do revisor de textos.


Parte deste post foi extraída de um artigo de minha autoria publicado no periódico Revista do Instituto de Ciências Humanas da PUC Minas. Acesso: http://periodicos.pucminas.br/index.php/revistaich/article/view/16253

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