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Foto do escritorÚrsula Massula

Desafios do revisor (parte 2)

A vida de um profissional do texto envolve aspectos muitas vezes desconhecidos por quem contrata um serviço ou mesmo tem a curiosidade: “o que, afinal, faz um revisor?”. A materialidade do texto entregue, do trabalho feito, não revela toda a complexidade por trás do nosso trabalho — alguns demandam mais da gente que outros, é verdade, mas a complexidade sempre está ali.


Dando continuidade à conversa do último post, neste aqui falo sobre mais alguns desafios e temas importantes que fazem parte da rotina de um revisor. Continue a leitura para saber mais!


Domínio dos gêneros textuais

Uma das características que fará com que uma revisão seja feita de maneira adequada é o conhecimento por parte do revisor das particularidades dos gêneros textuais. Segundo o consagrado linguista Marcuschi, isso significa:

“textos materializados em situações comunicativas recorrentes e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas.”

Ou seja, monografias, relatórios, e-mails e até posts como este, entre tantos outros gêneros. Mais importante que saber reconhecer a que gênero um texto pertence é definir o que se espera do material a partir da identificação e qual é a conexão que se deseja fazer com o leitor. Isso contribuirá para garantir a adequação do material ao seu propósito.


Desvalorização do profissional


Esse é um tema delicado. Assim como acontece em outras áreas — até correlacionadas, como a de professor —, você pode encontrar uma variedade de cenários: desde profissionais muito bem valorizados e remunerados até uma situação oposta.


Um tópico que aparece em alguns dos artigos pesquisados é o da desvalorização do revisor de textos, e os pesquisadores atribuem certos motivos para isso. Alguns deles consideram que a não regulamentação da profissão é um deles. Ainda que esse seja um ofício bastante tradicional, o próprio sistema legal ainda não o reconhece.


Outra razão indicada pelos pesquisadores é, como pontuei no início do post, o desconhecimento das etapas que envolvem o nosso trabalho e do que é necessário para executá-las. Como consequência, vem a falta de reconhecimento do valor do trabalho.


Existência e importância de cursos voltados à revisão de textos


Diversos cursos de graduação em Letras disponibilizam matérias de revisão. Em alguns casos, oferecem disciplinas de edição de textos em que a revisão aparece como parte do conteúdo ofertado. No entanto, ainda são poucos os cursos de graduação com habilitações específicas em revisão de textos.


Já com relação à pós-graduação existe uma oferta maior de cursos por todo o país. Ainda assim, é interessante refletir sobre a grande quantidade de revisores atuantes no Brasil perante o pequeno número de habilitações em cursos de graduação e de cursos de pós-graduação com enfoque na área se levarmos em conta a proporcionalidade entre o número de futuros profissionais e o número de cursos. A existência desses cursos no ambiente acadêmico se faz importante até mesmo para fomentar as pesquisas na área.


Consideração a todos os tipos de correção


Os tipos de correção definidos por Serafini e Ruiz e suas aplicações também são temas que aparecem recorrentemente nas publicações científicas, principalmente aquelas que tratam da revisão como parte da prática de produção de textos por alunos e sua interação com os professores.


De maneira geral, é importante que outros tipos de correções, além das resolutivas — as mais comumente encontradas —, se façam presentes no ambiente escolar.


Tanto os tópicos citados na parte 1 quanto na parte 2 se relacionam com frequência. Por exemplo: para saber exatamente o seu papel, o limite e o caráter de suas intervenções, é importante que o revisor dialogue com as outras pessoas envolvidas no trabalho.


Em sua rotina, você percebe algo a mais que seja um grande desafio para o revisor? Caso sim, compartilhe comigo! Até mais.


Parte deste post foi extraída de um artigo de minha autoria publicado no periódico Revista do Instituto de Ciências Humanas da PUC Minas. Acesse: http://periodicos.pucminas.br/index.php/revistaich/article/view/16253

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