Que bela metalinguagem, não? Esta é uma tradução que fiz de um texto sobre tradução.
Legitimamente, a literatura é considerada uma arte. No entanto, quando a tradução entra em jogo, ela pode exigir uma certa abordagem científica. Tradução é algo desafiador, pois pede que observemos não apenas pontos como equivalência e uso de nomes, mas a própria cultura.
Fatores linguísticos também estão entre essas questões, por exemplo, um certo tipo de palavra abundante na língua-fonte, mas não tão comum na língua-alvo. Portanto, o papel do tradutor é distinguir entre o que é potencialmente traduzível em um texto do que fundamentalmente não é. A partir daí, a pessoa precisa caminhar pela linha tênue entre a arte da tradução — nossos palpites pessoais — e a ciência da tradução —, que costuma ser muito literal.
“Literature is rightfully regarded as an art, but when translation enters the fray, it can require a somewhat scientific approach. Translation is challenging, as it requires us to look not only at problems such as equivalence and the use of names, but also culture itself.
Linguistic factors are also an issue, as a certain type of word might be abundant in the source language, but not very common in the target language. The role of the translator is therefore to distinguish what in a text is potentially translatable from what is fundamentally not. From there, one must walk the thin line between the art of translation — our personal hunches — and the science of translation — which is often too literal.”
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Ao lidar com tradução, é conveniente usar a definição de John Taylor sobre domínio. Ele explica que um domínio é a "configuração de conhecimento por contexto pela qual a conceituação é obtida".
Isto é, todo lexema se refere a algo maior que o rodeia, uma referência que a pessoa precisa entender para captar o significado amplo de uma palavra. Além disso, Taylor explica que os domínios interagem e se sobrepõem com frequência, uma vez que termos são descritos e conceituados de maneiras diferentes. Ele cita Langacker, que relaciona a uma "matrix" o conjunto necessário de domínios para o pleno entendimento de uma palavra.
"When dealing with translation, it is useful to use John Taylor’s definition of a domain. He explains that a domain is a ʽbackground knowledge configuration against which conceptualization is achieved.'
In other words, every lexeme refers to something bigger that encompasses it, a reference people need to understand in order to grasp the full meaning of
the word. Moreover, Taylor explains that domains often overlap and interact, since words are described and conceptualized in more than one way. He quotes Langacker, who refers to the set of domains necessary to the full understanding of a word as a 'matrix'."
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Estabelecer o domínio de uma palavra é algo muito relevante ao se trabalhar com tradução, já que isso nos permite determinar a intenção do autor, bem como a riqueza de ideias criada por uma palavra na mente do leitor.
Como resultado, o tradutor é capaz de procurar por diferentes traduções, não necessariamente literais, que provocarão o mesmo efeito no público que a combinação original fez. Sem um domínio, o significado de um termo — especialmente uma invenção léxica — pode ser ambíguo.
"Establishing the domain of a word is extremely relevant when dealing with translation, since it allows us to determine the author’s intent as well as the wealth of ideas created by a word in the reader’s mind.
As a result, the translator is able to search for different possible translations not necessarily literal which will have the same effect on the audience as the original compound. Without a domain, the meaning of a word — especially a lexical invention — can be ambiguous."
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Tradução é uma ciência profundamente enraizada nas emoções humanas. Sendo assim, depende de interpretação, estilo e ponto de vista dos tradutores.
"Translation is a science deeply rooted in human emotion, and therefore depends on the interpretation, style and point of view of translators."
Excertos traduzidos por mim do artigo “Translating Magic: balancing art and science in the translation of Harry Potter”, de Mathieu Destruel.
Publicado em: https://ejournals.bc.edu/index.php/lingua/article/view/5663/5078
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